sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ato ecológico

Prezados amigos ecologistas.
Coerência é uma coisa exigida para autenticar o que fazemos com que nos respeitem e com que respeitemos a nós mesmos. Um verdadeiro ecologista não apenas milita pela natureza, mas procura viver e ser um exemplo de ação em todos os sentidos. Além de crítico, defensor e patrulheiro, é preciso ser também um autocrítico e conhecer todas as possibilidades de proteger a natureza. Temos visto ecologistas que lutam pela defesa do meio ambiente, mas não dão bom exemplo em termos de comportamento e hábitos. E não é por atirarem lixo pela janela, comprarem detergente não biodegradável, usarem demais o automóvel e menos a bicicleta, fumarem, ou outros maus exemplos de atitudes antiecológicas. Estamos falando de hábitos que produzem efeitos piores e que são comuns a muitos companheiros. Estamos falando da dieta antiecológica.Sabia disso? Sabia que é possível ajudar a natureza, simplesmente selecionando melhor os alimentos e escolhendo-os com consciência? Por exemplo: não comendo carne! Quer saber como? Aqui vão alguns dados importantes...(por favor, resista aos impulsos obscuros que tendem a evitar o contato com verdades e fatos que podem perturbar a rotina dos hábitos e vícios alimentares enraizados e atávicos, mais baseados nos desejos gulosos, e leia!)A produção de gado, sem contarmos com o caso dos frangos e porcos, é uma ameaça primária ao meio-ambiente global. É um dos principais contribuintes para o desmatamento, a erosão do solo e conseqüente desertificação, a escassez de água, a poluição dos rios, lençóis freáticos, mares e mananciais de águas, o esgotamento dos combustíveis fósseis, efeito estufa, extinção de animais e perda da biodiversidade.
Quase a metade da massa de terra do globo é usada como pasto para gado e outras criações. Cerca de 80% de todo o desmatamento e desaparecimento de florestas, no planeta inteiro, deve-se à pecuária. Em pastos muito férteis, 2,5 acres podem sustentar uma vaca por ano. Em pastos de qualidade marginal, é preciso 50 ou mais acres. Se não reduzirmos em pelo menos 20% o consumo de carne bovina no Brasil, até 2020 não teremos mais Mata Atlântica.Fazendas de gado são uma causa primária do desmatamento na América Latina. Desde 1960, mais que 1/4 de todas florestas da América Central foram arrasadas para criar pastos para o gado. Quase 70% da terra desmatada no Panamá e Costa Rica agora é pasto. Apenas um só hambúrguer médio requer o desmatamento de aproximadamente 6 metros de floresta tropical e a destruição de 165 libras de matéria viva incluindo 20 a 30 diferentes espécies vegetais, 100 espécies de insetos, e dúzias de espécies de aves, mamíferos, e répteis.Erosão do Solo e Desertificação: O gado degrada a terra ao tirar a vegetação e compactar a terra. Cada animal que pasta num campo aberto come 900 libras de vegetação a cada mês. Seus poderosos cascos pisoteiam a vegetação e comprimem o solo com um impacto de 24 libras por polegada quadrada.
Escassez de água: Produzir uma libra de proteína de carne muitas vezes requer até 16 vezes mais água que produzir uma quantidade equivalente de proteína vegetal. Só para produzir uma porção de proteína de ave, são necessárias 100 vezes mais água do que seria exigido para a mesma porção de proteína vegetal, da soja.Esgotamento dos combustíveis fósseis: Atualmente é necessário um galão de gasolina para produzir uma libra de carne alimentada com grãos nos E.U.A.. O consumo anual de carne de uma família americana comum com quatro pessoas, requer mais de 260 galões de combustível e libera 2.5 toneladas de CO2 para a atmosfera, o tanto que um carro comum libera num período de 6 meses.Efeito estufa: O gado emite metano, outro gás do efeito estufa, via arrotos e flatulência. Cientistas estimam que mais de 500 milhões de toneladas de metano são liberadas a cada ano e que os 1.3 bilhões de gado e outras criações ruminantes do mundo, emitem aproximadamente 60 milhões de toneladas ou 12% do total de todas fontes. Metano é um sério problema porque uma molécula de metano retém 25 vezes mais calor solar que uma molécula de CO2.O consumo de carne e a fome no mundo: Uma alimentação vegetariana, além de favorecer a saúde, de contribuir para a preservação ambiental, é uma opção que tem por base a consciência quanto a aspectos sócio-econômicos. Optar por uma dieta vegetariana, contribui, de alguma forma, para reduzir a situação intolerável da fome no mundo.
Vejamos como: Segundo a FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura) a produção de carne causa fome e pobreza humana, ao desviar grãos e terras férteis para sustentar gado em vez de pessoas. Nos países em desenvolvimento, a produção de carne perpetua e intensifica a pobreza e injustiça, particularmente se a ração do gado ou aves é produzida para exportação. Se conservássemos a produção de cereais e a distribuíssemos aos pobres e subnutridos, em vez de dá-la ao gado, poderíamos facilmente alimentar quase toda a população subnutrida do mundo.Muitos ambientalistas não têm a informação de que o consumo de carne é danoso para o meio ambiente. Mas o que preocupa é que muitos, ao receberem essa informação, continuam a comer carne.Com base nessas informações, uma das coisas mais incoerentes e absurdas é um ato ecológico, evento ou encontro ambiental, “coroado” com um “bom churrasco”. O “churrasco ecológico....”.Tenho visto companheiros que tomam conhecimento destas coisas e continuam a comer carne. Essa atitude é a expressão de uma fraqueza. Mas tenho visto companheiros valorosos que percebem ser o simples ato de não comer carne vermelha, um grande passo que acaba por gratificar-nos interiormente de um modo inexplicável, pois a nossa auto-estima, nosso auto-respeito nos fortalecem nessa decisão. Sabe aquela sensação de vitória, de poder interno? E o contrário disso, quando você acaba comendo carne e depois a consciência pesa... E fica pesada, por muito tempo... Quer dizer, o prazer que o churrasco ou a picanha lhe proporcionaram, não valeu, foi momentâneo, rápido e curto para poder compensar esse peso que lhe acompanha agora.
Mas você tem uma alternativa se quiser - ao menos reduzir ou anestesiar um pouco - esse tormento: você pode fazer como a maioria dos “ecologistas”, que é enganar a si próprio e negar os apelos da consciência (que, no entanto, vai estar sempre lhe chamando de idiota...); para tentar abafar um pouco a pressão, você pode fazer piadinhas sem graça sobre a comida vegetariana, pode “gozar” algum companheiro “veggie” oferecendo um sanduíche de grama... Num grupo, pode exibir aquele sorriso besta afirmando - sempre sem graça por dentro - que “nada como uma boa carninha...”. Mas no fundo, sabe que o preço que você paga por essa atitude trivial é a perda do próprio respeito.Sabe, uma vez que você recebe uma informação importante e verdadeira, você adquire responsabilidade quanto ao que fará quanto a isso a seguir...E, por favor, não utilize esse argumento desgastado, batido e já sem graça de que você precisa de proteínas... Hoje sabemos que a dieta vegetariana é muito mais saudável e completa, inclusive prevenindo as doenças que a carne transmite.Inclusive, você mesmo sabe que existem cardápios e pratos deliciosíssimos que não precisam levar carne. Tenha dó! Mas já pensou no exemplo vivo e consciente que você vai ser se parar de comer carne?
Da próxima vez, quando você for comer um pedaço de carne, uma picanha ou um hambúrguer, tenho a certeza de que você vai lembrar de mim. Vai lembrar que está ajudando a destruir um pouco daquilo que você defende, a natureza. E vai sentir que está sendo incompleto, fraco e incoerente. Vai se sentir mal com consigo mesmo e com a sua fraqueza, que é de passar por cima de um apelo mais profundo da consciência - pois você sabe que está errado – simplesmente por ceder a um mero e fugaz desejo de prazer. Pior quando a gente usa pretextos infundados e infantis para comer um pedaço de animal. E, por favor, não me venha dizendo que isto é conversa de vegetariano, “natureba”, etc. Amigo! Amiga! É mais um pretexto, mais um truque do seu lado ainda fraco. E pior, você sabe disso, e sabe que eu tenho razão... E olha que eu estou lhe dando um voto de confiança, considerando que você não vai nem pensar em usar o argumento irracional “de que adianta eu não comer carne se tanta gente come..” ou, mais insano e alienado ainda: “mesmo se eu parar, não vai mudar nada”. Olha lá heim! Há muito tempo sabemos que o global é um reflexo de soma das atitudes e ações de cada pessoa. Não fosse assim não adiantaria praticar atos ecológicos, pois os outros estariam poluindo.... Cuidado. Essa é a nossa primeira lei. Atento!
Um ecologista autêntico é completo mesmo. É total.Tem dignidade para respeitar a si mesmo e a sua consciência. Tem força para superar seus desejos e fraquezas. De que outro modo você pode exigir coerência dos outros, dos destruidores da natureza, dos poluidores? Não é apelando para a consciência deles que você atua para proteger a natureza? Não é assim? Você pede que tenham consciência de que estão destruindo o futuro, agredindo a natureza, etc. Só assim você pode e tem atuado. Você e os grupos ambientalistas do mundo inteiro. Não há outro modo. Pois então, eu também estou pedindo isso à você: que tenha consciência de que comer carne é simplesmente, e nada mais do que isso, a atitude pessoal mais antiecológica possível.Pense nisso, companheiro. Pense nisso.
Um abraço ecológico.
Dr. Marcio BontempoFonte:
http://wladtaveira.multiply.com/journal/item/21

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